segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

filme PRAÇA SAENS PEÑA

Moro na Tijuca e um dia li na revista do jornal O Globo que estava sendo rodado um filme tendo o bairro como cenário. Falava dos atores Maria Padilha e Chico Diaz, me interessei muito, pois o tema era inusitado e os atores eu adoro.
Levei a revista para o Antonio Urano, diretor comercial da Riofilme onde eu trabalhava naquela ocasião e me empenhei a favor de um contato com a produção do filme. Isso foi feito e ao assistir o filme vi que valeu a pena, pois o considero muito interessante. Se conseguisse vencer algumas das (várias) batalhas até chegar ao espectador certamente iria agradar a muitos, pois conta a história de uma família classe média com sua cultura, seus conflitos e paixões, fala do bairro da tijuca de forma curiosa misturando na ficção depoimentos reais e, sem grandes pretensões, dá seu recado com objetividade. Gostaria que tivesse uma carreira bacana.

Para mim Pça. Saens Pena se junta a Bendito Fruto (de Sérgio Goldenberg) e Proibido Proibir (de Jorge Duran) como exemplo de filmes que tratam de “vidas cariocas” sem estereótipos, com humor, com charme e estilos próprios, filmes que tem tudo para criar identificação com um segmento de público, desde que consigam mobilizar esse público a entrar na sala de cinema. Bem, aí o buraco é bem mais embaixo, pois são N variáveis que influem nisso. Não caberia falar agora, basta abrir o jornal para se ver como está a distribuição de espaços para esse tipo de filme.
Na preparação para as várias batalhas a vencer nas relações com o mercado eu sempre me interessei pela etapa relativa ao nome dos filmes e suas peças de apresentação, até por que, era nessa etapa que começava meu trabalho. O que me entristece em relação ao Praça.. é ver que se manteve um título que é fator desfavorável
na hora da briga por espaço. Em março deste ano me foi solicitado pela diretoria da Riofilme um parecer sobre o filme, embora defendesse a sua contratação, reproduzo a seguir minha opinião sobre seu título.


*Sobre Saens Pena *(Praça , foi acrescentado posteriormente.)
(16/3/09)

Ciente de que meus argumentos não convenceram o realizador, quero registrar junto a essa diretoria que o título do filme é um ponto fraco do produto:

1- Reduz a abrangência da história dando-lhe um rótulo localizado, quando na verdade a história do filme é universal.

2- Mais do que para o mercado carioca, torna-se menos atraente para as demais cidades, onde ninguém conhece essa Praça.


3- Pode ser confundido com um documentário.

4- O título não agrega valor, como seria o caso, por exemplo, do nome Copacabana.


5- Um outro ponto fraco para a comercialização da obra é o fato de não ser protagonizada por galã global ou musa de novelas. Destacar então o tema e o carisma do elenco se faz necessário, e um dos canais para fazer isso é através do título.

6- Saens Pena pode ser vendido como um filme médio, que poderia ser comparado, por exemplo, à Bendito fruto (sem atores jovens e badalados; perfil carioca; diretor iniciante). Mas sem o apelo da comédia de costumes explorada neste. Imagine se Bendito Fruto se chamasse Rua São Clemente ou bairro de Botafogo.... O filme é centrado nos personagens desse bairro, isso é plenamente identificável no filme, mas a opção por um título mais atraente foi fundamental para sua carreira, que, aliás, poderia ter sido bem mais vitoriosa, se houvesse mais investimento na época.

7- O maior percentual de espectadores de cinema se constitui de jovens
16 a 25 anos. Pelas características do filme esse não será seu target primário. É necessário, porém, dar um visual aos materiais do filme que dialogue também com esse público.

Normalmente o elenco e a temática são os principais pontos de venda de um filme e abrir mão disso é um risco para sua comercialização.

Fica, portanto, a sugestão de que o título do filme seja mudado ou que, no mínimo (mas não é o ideal), coloque-se um subtítulo.