terça-feira, 2 de março de 2010

Mostra do CCBB,tem Candeias!

Falei que não rolava filme do Ozualdo Candeias no Rio e logo em seguida descubro que começou no CCBB uma que apresentará o filme O Vigilante,do citado cineasta.


Mostra ÓRFÃOS DA EMBRAFILME
CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL
02 A 14 DE MARÇO DE 2010

Mostra apresenta os filmes produzidos entre o fim da Embrafilme e a chamada “retomada do cinema brasileiro”

*Apresentação de 18 títulos, quase todos em película, produzidos entre 1990 e 1994

*Exibição do raríssimo O Vigilante, último filme de Ozualdo Candeias
e haverá debates também com críticos, realizadores e produtores.Vamos acompanhar a programação.

AOPÇÃO,OU AS ROSAS DA ESTRADA

Ontem falei do filme AOPÇÃO e relembrando-o deu vontade de ver novamente, procurei mais informações na rede e encontrei um artigo do João Carlos Rodrigues sobre o filme. Pena que mostras com filmes do Candeias ( morto em 2007 aos 88anos)são raríssimas aqui no Rio de janeiro.Concordo com ele que é um dos melhores filmes nacionais e reproduzo o artigo a seguir:

A trajetória das mulheres das zonas rurais, que moram às margens das estradas brasileiras e seu encantamento com o asfalto e os caminhões, leva-as a meter o pé na estrada em direção à cidade grande. Lá tentam um destino melhor que o da prostituição.

Aopção é o melhor filme de Candeias e, sem dúvida, um dos melhores longas-metragens brasileiros de todos os tempos. Não por acaso, foi premiado no Festival de Locarno com um Leopardo de Bronze. É uma obra-prima incontestável.

Poucas vezes no cinema encontraremos obra cuja autoria seja tão concentrada numa só pessoa, que reúne as atividades de diretor, roteirista, fotógrafo, montador e ator – sem que isso transmita ao espectador o menor sentimento de empáfia, exibicionismo ou soberba. É impossível, para quem o assiste, imaginar de modo diferente o enquadramento das imagens, o encadeamento quase-musical da montagem, os episódios apresentados ou o modo como são conduzidos. O filme é um dos mais magníficos e bem-sucedidos exemplos da teoria do cinema de autor.

Como nos melhores de sua obra, também aqui o cineasta dá pouca importância aos diálogos, que, embora existam, são meramente coloquiais. Simples complementação das impressionantes imagens em preto-e-branco que retratam, sem sociologismo nem complacência, a migração das mulheres do mundo rural para a cidade grande e sua gradativa transformacão em prostitutas. Há momentos que lembram a poesia de Dovchenko; outros, o humor de Buñuel; outros ainda, a secura contundente de Kaneto Shindo – mas é sempre Ozualdo Candeias, essa jóia rara do cinema nacional.

Um dos nossos poucos diretores que, apesar de artista e intelectual, não vem da classe dominante: ele estreou como fenômeno, prosseguiu como maldito e agora, com quase oitenta anos, tornou-se cult. Sua trajetória ilustra bem o provérbio “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”. Ele furou o cerco e hoje é tema de mostra retrospectiva. Bem o merece.

A exemplo dos grandes filmes do cinema silencioso, Aopção tem, repito, uma estrutura quase-musical na sua montagem, onde as seqüências fluem como as ondas do mar (de imagens) ou as notas de uma sinfonia. Filmado em regiões diversas do Brasil, tudo converge tão harmonicamente que por vezes pensamos estar assistindo a um documentário e não a um sofisticadíssimo filme de ficção, aparentemente primitivo.


Mas não suponha tratar-se de mero exercício estético e gelado de pós-modernismo. É retrato mais que pungente da condição feminina. Por não saber fazer nada, nem possuir profissão que possa ser aproveitada no mundo competitivo da cidade grande, resta às protagonistas apenas o recurso da mais velha profissão do mundo: “abrir as pernas” para sobreviver. Sem outra opção, apesar do título.

João Carlos Rodrigues

segunda-feira, 1 de março de 2010

CINÉDIA 80 ANOS-Parabéns!

A produtora Cinédia está completando 80 anos de existência e sua manutenção se deve muito a dedicação de Alice gonzaga.Veja a matéria em
http://globonews.globo.com/Jornalismo/GN/0,,MUL1461356-17671,00.html

AUDIOVISUAL, TELAS ,TELINHAS, TELÕES.DIVAGAÇÕES

AUDIOVISUAL, TELAS ,TELINHAS, TELÕES.DIVAGAÇÕES
Realmente não consigo ter intimidade suficiente com essa maquininha para vir aqui escrever sempre, embora diariamente realize pesquisas, escreva e responda e-mails, quando se trata de parar tudo e postar alguma idéia ou falar de um assunto que me desperte mais atenção, não rola. Prefiro conversar com alguém por perto, ou usar o telefone e quando vejo a inspiração para escrever no blog se foi. Pensei em escrever sobre alguns filmes que assisti ultimamente, como Preciosa- que deixou a desejar ou A Fita branca, um filme muito interessante que não nos deixar piscar, cada cena é uma incógnita, isso é muito bacana e estimulante. Lembrei-me (sem fazer comparações) do filme Aopção-ou As rosas na estrada-de Ozualdo Candeias, um filme que me marcou justamente por essa qualidade de não nos deixar deduzir a próxima cena, coisa muuuito difícil de ver atualmente. A Fita Branca não resolve os enigmas e isso faz com que, embora um pouco decepcionados, saiamos do cinema levando a incógnita para resolver, as suposições para fazer e criar, nós mesmos, um final "customizado". Por falar em nisso lembrei de moda e de um tema sobre o qual pensei em escrever, mas, passou... É sobre aquelas meias brancas horrorosas que se tornaram epidemia no figurino das moçoilas malhadoras, que coisa feia gente! Detestei, mas acho que a personagem da novela Viver a vida está usando e uma coisa leva a outra, que leva a outra... Por falar nesta personagem, que eu ainda chamo de Babalú (Letícia Spiller) vi uma cena bizarra com a sua atual personagem: Ela vai para um motel com um gostosão, colega de academia (Carlos Casagrande) e chegando lá dá um monte de chiliques de mocinha super recatada, ora essa, dá para entender? Parecia programa humorístico os gritinhos histéricos que ela dava sempre que o tudo de bom tentava lhe tocar, nem um beijo rolou. Porque ela chegou até ali então? Não parecia novela das oito e sim chanchada. O Manoel Carlos tá exagerando nas cenas pastelão e nas chatices melodramáticas.Haja saco! Desligando a TV, pensei em falar dos problemas do Metrô carioca que está afetando o bom humor de todos, meu marido chega em casa P diariamente. Falaria em defesa da Unidos da Tijuca, mas sem os argumentos clássicos que meu filho tem usado para dizer que aquilo não é carnaval. Seja lá o que for ( Ópera do povo?) eu curti e fiquei novamente afim de trabalhar nessa indústria de Escolas de samba. Queria falar sobre as eleições, sobre os concursos públicos, sobre as marcas milionárias, sobre a falta de civilidade das pessoas nos transportes e nas ruas, da falta de manutenção dos serviços públicos-mil sinais cobertos por galhos de árvores sem poda, por exemplo. Sobre as crises da meia idade e da idade madura, mas fica para um dia que a inspiração chegue na hora em que eu esteja com a caneta ,digo, o mouse na mão. Até. Em tempo digo que assisti também ao filme À DERIVA,dirigido pelo Heitor Dhalia é gostei muito, mais do que do Cheiro do Ralo,que é dele também. Ele sabe contar histórias usando,bem, som e imagem.